Arroio Pelotas transbordou e invadiu propriedades. (Foto: Nauro Júnior - Satolep Press - Especial - DP)

Apesar da segunda-feira iniciar com chuva, o sol voltou ainda pela manhã em Pelotas. Para quem teve água dentro de casa no final de semana, o dia foi de limpar a sujeira deixada pela enxurrada. Foram registrados 191 milímetros de precipitação no município - a média esperada para o mês era de 139. A Coordenadoria Regional da Defesa Civil esteve em municípios da Zona Sul conferindo a situação de cada cidade e Pedras Altas deve decretar situação de emergência ainda nesta terça-feira.

O ponto preocupante, em Pelotas está nos arredores do arroio Pelotas, que já transbordou e se alastrou nos arredores do leito. Pelo menos quatro famílias permanecem desalojadas ou desabrigadas - três na Vila Farroupilha e um na Estrada do Engenho. De acordo com a Defesa Civil, Piratini e Cristal ainda avaliavam os danos para decidir se decretavam ou não seu estado de emergência.

Na Vila Farroupilha
Com água invadindo algumas casas na rua Eduardo Guimarães no domingo, três famílias foram retiradas do local e permanecem fora de suas residências por determinação da Defesa Civil. Na rua Adalberto Guerra Duval, onde a reportagem esteve no domingo acompanhando o caso de Nara Furtado, a água começou a baixar durante a madrugada. Moradores limpavam suas casas com panos e lava-jatos para retirar o barro e resíduos deixados pela água.

Moradores reclamam do lixo acumulado no local. (Foto: Gabriel Huth - Especial - DP)

Na casa de Sandra Rosa e Aírton Ulguim, o dia foi de retirar o barro deixado pela cheia que atingiu o pátio e parte da sala. A última vez que a água subiu nestes níveis foi há nove anos, lembram os moradores da região. Outro fator observado por eles foi a quantidade de lixo acumulado no local, fator prejudicial ao escoamento natural.

Foi na manhã de domingo que Maurício Rosa e a esposa Aline foram acordados por vizinhos. A água se aproximada da porta de acesso à sala de estar. "Enquanto ela foi pra casa da minha sogra, eu fiquei em casa colocando tudo pra cima pra água não alcançar", disse, mostrando os móveis ainda fora do lugar. O casal retornou à casa na manhã desta segunda-feira.

No Pontal da Barra
A situação delicada no Pontal da Barra é a estrada de acesso. A Lagoa dos Patos avançou e assoreou parte da estrada. Na manhã desta segunda-feira, o ponto mais crítico da via possuía em torno de 2,8 metros de largura, o que impossibilitava o trânsito de veículos grandes.

Neste ponto, largura da via é de cerca de 2,8 metros. (Foto: Gabriel Huth - Especial - DP)

O pescador João Carlos Fonseca, que mora no local com a família, disse que a comunidade pesqueira está prejudicada. "O caminhão já avisou que não vem mais até aqui buscar o peixe. Como vamos vender? Estamos abandonados aqui", reclamava. Com uma pequena camionete, ele transportava seus peixes. O local permanece sem sinalização indicando os problemas da estrada. Há receio entre os moradores que o vento mude de direção, podendo reter água na região.

No Arroio Pelotas
Nem a Defesa Civil nem a prefeitura de Pelotas possuem informações de quantos metros acima do normal está o arroio Pelotas. Na Vila da Palha, no Areal, o nível subiu e avançou em alguns trechos da Estrada da Costa, no caminho das charqueadas. Em alguns pontos, a água na via estava com profundidade aproximada de 40 centímetros.

Em alguns pontos, água chega a 40 cm na via. (Foto: Gabriel Huth - Especial - DP)

Paulo Braga acompanhava a situação com amigos. Com uma pedra colocada na estrada, eles monitoravam o avanço da água, que subia de nível mesmo com a pausa na chuva. "Em 50 anos que eu moro aqui, a água chegou na minha casa três vezes. O que pode piorar é a água que ainda tem pra descer o rio", disse.

Monitoramento
De acordo com informações repassadas pelo Sanep, o canal São Gonçalo estava 1,64 metro acima do nível. No rio Piratini, em Pedro Osório, a Defesa Civil informou que nível estava sete metros acima do nível. A Sala de Situação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) informou que há alerta para as regiões próximas à Bacia do Camaquã e no rio Piratini a situação é de atenção. O Sema também não possui monitoramento do nível do arroio Pelotas.

Imagem aérea mostra a situação do Arroio Pelotas. (Foto: Nauro Júnior - Satolep Press - Especial - DP)

Previsão de tempo bom para os próximos dias
A meteorologista Carina Padilha, do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPPMET), prevê uma semana de sol e temperaturas baixas. O vento sudoeste e sudeste deve permanecer até a próxima quinta-feira. Para esta terça-feira (3), a previsão é de sol intercalado com períodos de nublado com mínima de 9ºC e máxima de 19ºC. Na quinta-feira o dia deve ser ensolarado com a máxima podendo alcançar 20ºC, e mínima de 8ºC no início do dia. Na quinta-feira, tempo deve permanecer ensolarado e máxima pode chegar a 24ºC.

Cidades e danos

Pedras Altas - Há dificuldade em acessar o município. Na Zona Rural, existem pontos com interrupção de estrada sem condições de trânsito e o volume de água danificou pontes no interior do município. As aulas no município voltaram à normalidade. O Decreto de Emergência, informou o prefeito Bebeto Perdomo, deve ser emitido nesta terça. "Passamos o dia fazendo o levantamento de dados para decretar nesta terça-feira", disse. A CEEE esteve nesta segunda-feira no município e praticamente já normalizou a energia elétrica na zona rural.

Jaguarão - Duas famílias permanecem desabrigadas e preocupa a elevação do Rio Jaguarão.

No RS
21 municípios atingidos
56 residências atingidas
12 famílias desabrigadas
54 famílias desalojadas
Não há registro de mortos e feridos